domingo, 11 de dezembro de 2011

Inteligências Múltiplas e Educação.

Trabalho apresentado à disciplina de Psicologia, no curso de pedagogia, da Plataforma Freire, da Universidade do Estado da Bahia, sob a orientação do Professor Isaú Hormino de Matos.

Teixeira de Freitas
2010.

1. Introdução
Em 1900 em Paris – La Belle Epoque, o Psicólogo Alfred Binet, desenvolveu uma medida, denominada teste de QI, com o objetivo de predizer quais crianças teriam sucesso escolar e quais seria um fracasso. Esta veio a ter grande sucesso em pouco tempo ela ficou sendo bastante conhecida e usada por vário órgão, em especial as escolas que podemos defini-las como escola uniforme.
O psicólogo Howard Gardner trouxe uma visão alternativa completamente diferente da escola uniforme que seria a pluralidade da mente. Esta nova visão seria baseada em parte nos achados científicos, que na época de Binet não existia, são elas: A ciência cognitiva e a neurociência, decidindo assim chamar essa teoria de “Inteligências Múltiplas”.
Gardner não questiona se a inteligência é inata ou adquirida, mas observa como elas são formadas. Pois, alguém que sofre um dano cerebral pode ter algumas inteligências afetadas e outras não. Ele observou crianças e adultos que possuíam perfis cognitivos muito irregulares que já mais poderia ser explicado nos termos de uma visão unitária de inteligência. Foi uma observação cuidadosa, que buscou a melhor forma de organizar uma lista com as sete inteligências, as quais ele as considera de igual valor.
Acreditando que essas sete inteligências podem se ajudar e com elas o indivíduo terá capacidade de resolver seus problemas, a escola deveria incentivar, ajudar a ampliar essas inteligências de forma a despertar nas pessoas um maior interesse, sentindo-se engajados e competentes para servir a sociedade de forma construtiva.
Reconhecendo que as pessoas têm inteligências diferentes e em graus diferentes, as escolas deveriam respeitas as diferenças de cada indivíduo e poderiam adotar os “Especialistas em avaliação” que respeitaria os alunos nas suas individualidades e potencialidades combinando cada aluno com o modo de aprendizagem mais confortável para eles.
Preocupando-se com os alunos que não conseguiam obter bons resultados em testes, a escola poderia possuir um “professor mestre” para o treinamento e correção, se necessário, dos demais professores. Procurando sempre identificar os potencias e fraquezas dos alunos, visto que as fraquezas identificadas precocemente poderiam ser corrigidas cuidadosamente usando maneiras de ensino ou de compensar uma área importante de capacidade.
O objetivo é realmente formar uma escola centrada no indivíduo, que realmente venha contra tudo e todos, por esperar uma escola nova e totalmente contrária a uniforme.
O Autor cita ainda, em sua concepção que há três preconceitos em nossa sociedade: O “Ocidentalista”, o “Testista” e o “Melhorista”.
Sendo assim a teoria das Inteligências Múltiplas acredita que pode contribuir e muito para a melhoria e progresso da sociedade.
2. Inteligências Múltiplas e Educação 
2.1. Uma versão aperfeiçoada em co-autoria com Joseph Walters
Em um teste de QI realizado com duas crianças, contatou-se que uma delas obteve um resultado superior a sua idade e a outra com nível médio.
O teste de questões lógicas matemáticas e lingüísticas prediz o sucesso ou não na escola, mas não na vida profissional. Podemos observar as conquistas de atletas, jogadores e músicos, com seus talentos e habilidades os quais não aparecem nos testes de QI.
2.2. O que constitui uma inteligência
Numa visão tradicional a inteligência é definida operacionalmente como a capacidade de responder a itens em testes de inteligência, a partir de testes da capacidade subjacentes a faculdade geral da inteligência, g, é um atributo ou faculdade inata do individuo.
A teoria das IM elaborada a luz das origens biológicas de cada capacidade de resolver problemas e que são universais na espécie humana e deve ser ligada ao estímulo cultural nesse domínio.
Na busca pela seleção das inteligências que teriam raízes biológicas e que fosse valorizada por um ou mais ambiente cultural, foram criados critérios, selecionados como inteligência genuína. As inteligências candidatadas teriam que satisfazer todos ou a maioria deles, estas tidas como teoria, poderia ser refutada e comparada com outras. Sendo que teriam que possuir no nuclear ou um conjunto de operações identificáveis.
A inteligência é ativada ou “desencadeada” por certos tipos de informação interna ou externamente apresentados. Ela também deve possuir a capacidade de ser codificada em um sistema de símbolos, com significado cultural capaz de capturar e transmitir formas importantes de informação. Contudo há a possibilidade que uma inteligência prossiga sem o sistema simbólico concomitante, provavelmente uma das primeiras características humana é a sua atração rumo a essa incorporação.
2.3. Inteligência Musical.
Considerando alguns fatos podemos sugerir que a capacidade musical passa em outros testes para uma inteligência. No processo de perceber e produzir a música, certas partes do cérebro desempenham papeis importantes. Estas estão caracteristicamente localizadas no hemisfério direito, embora ela não seja claramente “localizada” em uma área tão especial.
Apesar da capacidade musical não ser considerada uma capacidade intelectual, ela se qualifica a partir dos critérios das Inteligências Múltiplas. Portanto pela definição ela merece ser considerada uma das IM.
2.4. Inteligência coporal-cinestésica.
No córtex motor com cada hemisférico dominante ou controlador dos movimentos corporais no lado contralateral é encontrado o controle do movimento corporal, sendo que nos destros é localizado no hemisfério esquerdo.
Nos seres humanos a evolução dos movimentos do corpo é ampliada através do uso de ferramentas.
Esta evolução como conhecimento corporal-cinestésico se encontra entre várias culturas, ela satisfaz aos critérios de uma inteligência.
O conhecimento corporal-cinestésico como solucionador de problemas é uma evidencia dos aspectos cognitivos do uso do corpo. As computações específicas necessárias para resolver um determinado problema coporal-cinestésico, bater uma bola de tênis, necessita que o cérebro calcule aproximadamente onde ela Vaira e onde a raquete vai interceptá-la.
“A verdade é que todos aqueles que habitam num corpo humano possuem uma criação notável.” (Gallwey, 1976).
2.5. Inteligência lógico-matemática.
No indivíduo talentoso a resolução do problema é admiravelmente rápida, ele lida com muitas variáveis e cria numerosas hipóteses que são avaliadas, aceitas ou rejeitadas.
Podendo haver também uma desenvoltura natural não verbal da inteligência. A solução de um problema pode ser edificada antes de ser articulado, esse fato acontece mais freqüente com algumas pessoas como ganhadores do prêmio Nobel, isso é interpretado como funcionamento da lógico-matemática. Ela também atende aos critérios das inteligências.
Existem pessoas que podem realizar grandes façanhas de calculo apesar de serem tragicamente deficientes na maioria das outras áreas.
As crianças-prodígio, na matemática, existem em grande quantidade. Esse desenvolvimento foi cuidadosamente documentado por Jean Piaget e outros psicólogos.
2.6. Inteligência Lingüística
Em uma área específica do cérebro, chamada “centro de Broca”, que encontra a responsabilidade de produzir as sentenças gramaticais. Uma pessoa que sofra algum dano nessa área tem dificuldade em untar palavras alem das silabas simples, mas pode compreender bem as palavras e frases, podendo ainda possuir outros processos de pensamento inalterados.
O dom da linguagem é universal e se desenvolve em todas as culturas. Mas na população surda se usam a linguagem manual de sinais, quando ela não é ensinada, a pessoa cria, desenvolve sua linguagem manual particular e a usa secretamente.
2.7. Inteligência espacial.
São os meios de localização, desenvolvidos mentalmente ou até mesmo codificado, como os mapas.
Nos destros o processo lingüístico ocorre no hemisfério direito e se houver um dano a essa área, será algo decisivo, a pessoa poderá não encontrar o seu próprio caminho em volta de um lugar, de reconhecer rostos ou cenas, ou de observar detalhes pequenos. Essa falha poderá numa tentativa ser compensado com estratégias lingüísticas, ele passará a pensar em voz alta, mas a maioria tende ao fracasso.
Os cegos poderão reconhecer formas através do toque, ou seja, o tato. Esse ato, para eles, equivale à modalidade visual de quem enxerga. São raras as crianças-prodígio entre os artistas visuais.
2.8. Inteligência interpessoal
É a capacidade que nos permite perceber as distinções entre os outros, em especial, contrastes em seus estados de animo, temperamento, motivações e intenções. Em estado elevado, ela permite perceber intenções e desejos de outras pessoas, mesmo que elas tentem esconder.
No cérebro os lobos frontais desempenham papel importante neste conhecimento, se houver algum dano no mesmo, poderá provocar alterações na personalidade, no entanto nada sofrerá às formas de resolução problemas, contudo a pessoa “não será a mesma” depois de um dano deste.
A doença de Alzheimer parece prejudicar a zona posterior cerebral de forma bastante feroz, comprometendo as faculdades espaciais, lógicas e lingüísticas. Todavia as pessoas continuam com boa aparência, tem convívio social e se desculpam por seus erros. Já a doença de Pick, provoca uma rápida perda de boas maneiras.
Há evidencia biológica dessa inteligência possui dois fatores exclusivos dos seres humanos: A infância prolongada com a presença da mãe e a capacidade de interagi com a sociedade.
2.9. Inteligência intrapessoal
É a capacidade de olhar para si mesmo o perceber suas emoções, seus sentimentos e poder si entender e se auto-corrigir, aconselhar a si mesmo e se reequilibrar novamente. Ela é de certa forma privada e para ser percebida, necessita da linguagem, da música ou de alguma outra forma de expressar a inteligência para que percebamos em ação.
Os lobos frontais desempenham um papel central na mudança de personalidade, se houver um dano na área inferior dos lobos frontais é bem provável que ocorrerá irritação ou euforia, se esse dano ocorrer na parte mais alta, produzirá indiferença, desatenção e apatia (depressão). Contudo as funções cognitivas normalmente continuam preservadas e o indivíduo não se sente uma pessoa diferente, tende a reconhecer suas necessidades, vontades e desejos, tentando atendê-los da melhor forma possível.
O autista é uma pessoa com a inteligência intrapessoal prejudicada. Mas ela possui as capacidades nos domínios musical, computacional, espacial ou mecânico.
As inteligências, interpessoal e intrapessoal passam no teste de uma inteligência. Cada uma, tenta resolver problemas, a interpessoal entende o outro e busca soluções, melhorando o convívio social. Já a intrapessoal tenta entender a si mesmo e é dificilmente percebida. Ambas representam todas as informações sobre uma pessoa, ao mesmo tempo, é uma invenção que cada um constrói para si mesmo.
2.10.  Inteligência Naturalista
Howard Gardner já definiu mais uma inteligência, a inteligência naturalista.
A Inteligência Naturalista é a capacidade de reconhecer os objetos na natureza, como plantas, animais, rochas. Já se sabe a área específica do cérebro que age quando precisamos dessa habilidade.
Já se sabe a possibilidade de uma nova inteligência que se denomina existência. Essa seria a inteligência que reflete sobre a nossa existência, quem somos de onde viemos, porque morremos. Mas ainda não foi comprovada a área específica do cérebro que age quando a utilizamos.
2.11. As Inteligências Múltiplas e a Escola
As inteligências múltiplas servem como instrumento para auxiliar a escola a alcançar seus objetivos. Precisamos desenvolver as inteligências de cada criança e usá-las para alcançar os objetivos, cada um possui a sua inteligência e utilizá-la torna o trabalho mais satisfatório e fácil de assimilar o que se pretende.
As Inteligências Múltiplas, não eram para mudar a escola mas para ser objeto de uso, podemos reduzir a quantidade de conteúdos para que o aluno não se canse e que seja possível trabalhá-los de oito formas diferentes.
As escolas que começaram a utilizar a IM às vezes se preocupam demais em rotulá-los (identificar qual IM a criança tem tendência) ao invés de observarem que todos possuem a capacidade de desenvolver todas as IM. Seria adequado reduzir o currículo para alguns tópicos importantes, por meio de quais as inteligências poderão ser desenvolvidas.
A preocupação de Gardner é em desenvolver as IM das crianças sem se preocupar com certos de inteligências.
Gardner acredita no sucesso escolar, pois ao mesmo tempo em que o aprendizado do aluno aumenta os professores também desenvolvem suas próprias inteligências. Ele defende o valor dos seminários e a discussão (reunião) entre professores para analisar, observar e sugerir soluções diante de uma determinada atividade e do desempenho ao qual o aluno alcançou ou não.
Os pais devem participar o máximo possível das atividades das crianças, dessa forma eles poderão identificar o perfil de inteligência da criança. Esses devem evitar serem ditadores, devem permitir que as crianças despertem o seu próprio interesse e ajudá-las a alcançar o que deseja.
2.12. Partindo de Gardner, Nilson apresenta sua proposta
Nilson José Machado, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), encontrou por acaso o livro de Gardner numa livraria em 1993, quando nenhum livro de Gardner tinha sido traduzido para o português.
Nilson estudou o livro por um ano, e depois de muita reflexão ele propôs o uso da teoria em sala de aula. Ao observar os alunos em sala, Nilson sugeriu outra inteligência, a pictorial, que é a capacidade de desenhar. Esta ocorre antes mesmo da lingüística e da lógico – matemática, mas depois que as crianças as alcançam, o desenho é esquecido pela escola.
Nilson não se preocupa com a quantidade de inteligências, mas como a criança será avaliada, pois essa avaliação deve ser feita em todas as suas capacidades e não somente em duas.
3. Considerações finais
Concluímos que a teoria das Inteligências Múltiplas veio para colaborar e jogar por terra o mito de que o teste de QI é capaz de medir a inteligência, pois o mesmo se limita a medir as capacidades lingüística e lógico – matemática.
Sabemos que todos possuem as IM e temos a capacidade de desenvolvê-las e que a escola, família devem estar atentas a esses sinais para que a criança possa se tornar um adulto realizado e satisfeito em suas capacidades.
AS IM são identificadas e formuladas utilizando critérios e características diversas, um ponto dos mais importantes é a identificação da parte do cérebro que atua no momento que precisamos e usamos essas faculdades.
Já foram descobertas oito inteligências e há uma idéia de mais outras duas, e ainda poderá haver muito mais, os estudiosos podem continuar a observar e descobrir novas Inteligências.
4. Referencias
GARDNER, Howarf. Inteligências Múltiplas: a teoria na prática. Artmed. Porto Alegre, 2000.
Revista Nova Escola. O Guru das Inteligências múltiplas. Setembro 1997.

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